Batman: O Cavaleiro das Trevas.

Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Kight).
Após o primoroso Batman Begins, que reiniciou a franquia Batman de uma maneira empolgante, temos agora o capítulo do meio, que consegue ser superior que o antecessor e ser um marco para o cinema, ainda mais no que se refere a adaptações de quadrinhos.
Batman: O Cavaleiro das Trevas se passa após dois anos do anterior, com o surgimento do Batman (Christian Bale) a Cidade de Gotham está mudada, a mafia está intrigada e assustada com os acontecimentos e, após ser assaltada por ninguém menos que o Coringa (Heath Ledger), contrata o mesmo para matar o Homem-Morcego. Do outro lado, O tenente Gordon (Gary Oldman) e o promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) procuram ajudar o Cavaleiro das Trevas na luta contra o crime organizado e acabar com os malfeitos em Gotham.
O mais intrigante e interessante sem duvidas é a figura do Coringa, ele próprio se qualifica como o "agente do Caos" que não procura dinheiro e nem poder, mas só o prazer de causar caos e destruição, contra a aparente ordem imposta pelo Batman e pela figura do promotor Harvey Dent, este último procura fazer uma lei que dará plenos poderes ao Estado para prender suspeitos de qualquer tipo de malfeito.
Se em Batman Begins, se falou sobre a essência do medo, em O Cavaleiro das Trevas se põe mascaras, se discute a identidade, a função, os dois lados, os eternos paradoxos entre bondade e maldade,ordem e caos, justiça e impunidade. E o mais interessante é que enquanto o Batman representa a justiça e o que é "certo", o coringa é a oposição direta a tudo que o herói representa, ficando no questionamento de que um não sobrevive sem o outro, ambos necessitam existir. E quem procura decidir que lado é mais convincente é ninguém menos que o espectador, todos os argumentos e críticas são muito bem bolados, dá até para questionar a verdadeira "bondade" do Batman.
Um personagem que é o produto de tais questionamentos é o de Harvey Dent, o mesmo solta a frase "Ou você morre um herói, ou vive demais para ser um vilão" e é essa a essência do filme, como o ser humano pode ser facilmente seduzido pela perversidade (que é muito bem representada na cena das barcas, na qual uma barca precisa explodir a outra para a sobrevivência dos embarcados), um espelho perfeito da sociedade que sempre se sente dividida no que é certo e no que é errado.
É uma crítica muito forte e pode até ser mal interpretada e irritar alguns espectadores, mas que deve ser refletida.
As atuações são maravilhosas e com destaque para Heath Ledger, que fez um vilão antológico e, infelizmente, entrou tanto nos conflitos do personagem que acabou falecendo. Aaron Eckhart também faz um excelente trabalho e dá profundidade ao seu personagem (que anteriormente já havia sido interpretado de maneira muito caricata, por Tommy Lee Jones), Christian Bale continua fazendo um ótimo trabalho, sendo o melhor Batman/Bruce Wayne. O elenco de apoio também merece destaque, principalmente Gary Oldman e Michael Caine, ambos dão uma profundidade e emoção notáveis aos personagens.
Batman: O Cavaleiro das Trevas é um marco para o cinema, um filme forte, inteligente e marcante, com qualidades técnicas e visuais arrebatadoras, uma trilha sonora ofegante de Hans Zimmer que só aumenta a imersão, muito bem conduzido, dirigido e roteirizado, e o mais notável que não é um filme para entretenimento puro, na verdade, muita gente pode se sentir até aborrecida se não entrar fundo no filme, aceitando os questionamentos e, acima de tudo, refletir.